O projeto tem como meta central produzir uma cartografia crítica das imagens e estruturas retórico-argumentativas que sustentam o imaginário político do “conservadorismo pós-moderno” (McManus, 2020) ou “neoconservadorismo” no Brasil contemporâneo. Vários estudiosos vêm se debruçando recentemente sobre a rápida expansão do pensamento conservador em nível global, mas poucos ainda são os trabalhos que se dedicam a um exame profundo do “imaginário social” e do papel da lógica estruturante das imagens digitais na constituição de tal imaginário. Menos frequentes ainda são aqueles que buscam esboçar o eixo de articulação simbólico identidade-alteridade no interior desse campo. Diante do que parece ser certa sensação de incômodo de muitos pesquisadores ao lidar com o fenômeno, inclusive pela força e velocidade com que emergiu nos últimos anos, cabe formular uma série de perguntas para as quais disciplinas como a sociologia, a antropologia, a filosofia e a comunicação devem esboçar respostas pelo menos tentativas: como se constitui a identidade neoconservadora e com base em que meios de formação e informação? Como se formula, no âmbito do neoconservadorismo, a dialética entre o eu e o outro, de que modos a ideia de diferença é ali representada? Que projeto de sociedade e futuro alimenta os anseios dos neoconservadores? Que tipo de relação se produz entre o antigo e o novo (entre a paradoxal combinação da ideia da conservação e do uso maciço de novas tecnologias de comunicação e informação)? Que papel a “lógica memética” das mídias digitais teve na construção de seu imaginário político? São essas, precisamente, as grandes questões que irão nortear o presente projeto de pesquisa, elaborado a partir de uma combinação particular entre metodologias de investigação teóricas e empíricas. Na presente etapa, iremos nos debruçar sobre a noção de identidade e seus desdobramentos nas relações do sujeito com os mundos sociais e midiáticos nos quais está imerso.